"Tudo o que você vê no sertão piauiense é seca, fome, sofrimento. E ausência total e absoluta do poder público! É uma situação lamentável". A frase, dita com a indignação que o drama da
seca exige, foi dita ontem pelo arcebispo metropolitano de Teresina, Dom Jacinto Brito. Ele e uma comitiva formada por padres e outros representantes da Igreja Católica visitaram os municípios de Oeiras, São Raimundo Nonato e Picos, na semana passada, para ver in loco os efeitos da seca no semiárido piauiense.
São as três regiões mais
afetadas pela estiagem, que assola o semiárido piauiense desde praticamente o início do ano, deixou mais de 150 municípios em situação de emergência e atinge mais de um milhão de pessoas. Um resumo da expedição, Dom Jacinto Brito narra em artigo enviado ao DIÁRIO DO POVO (leia texto ao lado). Ontem, deu mais detalhes do que viu à equipe do DP, durante 10 minutos de
conversa no Centro Pastoral Paulo IV. Dom Jacinto disse que, durante a viagem, ouviu muitas denúncias de uso político de recursos públicos destinados à seca.
Na avaliação dele, o pior da seca não é a falta de chuva ou de água. "O pior mesmo é a omissão do poder público. A seca está matando os piauienses de fome e sede, e eles estão roucos de gritar e não são
ouvidos", contou. "Os moradores desta região já estão cansados de pedir. Já foram ao Governo, ao Ministério Público, às prefeituras... e nada fazem por eles", desabafa. O arcebispo disse que o drama da seca atinge famílias e animais. "As pessoas acabam tendo de vender as criações, pois não estão conseguindo água nem para elas próprias beberem. Vendem
por um preço muito baixo e perdem muitas vezes a única forma de sustento da família", revelou.
Diante do quadro, a Igreja decidiu organizar uma grande campanha de arrecadação de alimentos e donativos para ajudar os municípios atingidos pela seca. A campanha já foi iniciada com a mobilização de todas as paróquias dos municípios que compreendem a Arquidiocese de Teresina. "A Igreja
sempre tem adotado iniciativas para ajudar a quem precisa, mas esta é uma campanha bem maior, por causa do drama e sofrimento que a seca provoca, e envolve todos os municípios da Arquidiocese de Teresina, de Inhuma (região Sul) até Miguel Alves (Norte do Estado)", explica o vigário geral de Teresina, monsenhor Tony Batista.
A arrecadação dos alimentos e outros donativos será
feita nos dias 29 e 30 de setembro. Os fiéis estão sendo orientados a levar o que puderem para as igrejas e outros pontos de arre-cadação - alimentos não perecíveis, água, roupas e tecidos. Ajuda financeira também é bem-vinda. Tudo o que for arrecadado será levado para as cidades atingidas pela seca e distribuído entre a população.
Diário do Povo
Postado por: Joselito
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