Por
Coletivo de comunicadores/as do FPCSA
foto:Djalma Batista
No Piauí, o Programa de Formação e Mobilização Social para a
Convivência com o Semiárido, desenvolvido pelas entidades que formam o Fórum
Piauiense de Convivência com o Semiárido (FPCSA), representação da Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA) no Estado, já construiu quase 50 mil cisternas de
água para o consumo humano e beneficiou 511 escolas com cisternas de 52 mil
litros.
A ação que há mais de 18 anos vem sendo realizada por
organizações sociais do Estado tem transformado a realidade das famílias que
enfrentam a seca, fenômeno climático característico da região, através de uma
ideia simples, captar e estocar a água que será consumida nos períodos mais
críticos do ano. Neste ano, cerca de 20 municípios do Semiárido piauiense
receberão tecnologias sociais de captação de água para beber, através dos
Programas Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Cisternas nas Escolas, desenvolvido
pela ASA, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Neste termo de parceria, serão construídas 2.536 cisternas de placas
familiares com capacidade para armazenar 16 mil litros de água da chuva para o
consumo humano, e cisternas escolares de 52 mil litros, que beneficiará
centenas de alunos de escolas públicas do campo na região. O Programa atende
famílias de baixa renda, residentes nas zonas rurais do Semiárido que sofrem as
consequências da estiagem e irregularidade das chuvas.
Os municípios atendidos pelo edital serão: Avelino Lopes,
Curimatá, Parnaguá, Palmeira do Piauí, Morro Cabeça no Tempo, Cristino Castro,
Aroeiras do Itaim, Pimenteiras, Jaicós, Itaueira, Caracol, Guaribas, Dom
Inocêncio, São João do Piauí, Coronel José Dias, Jurema, Campo Maior, Caxingó,
Sigefredo Pacheco, e Luís Correia.
Sobre a importância das tecnologias sociais para a qualidade de
vida das famílias da região, a agricultora Maria da Conceição Sousa, conhecida
pelos amigos e familiares como Ceiça da comunidade Terra Dura, localidade a 08
km da sede do município de Pedro II, região norte do Piauí, explica que a
cisterna é um bem precioso, e que já está na família há 15 anos. Quando
perguntada de que forma a água ao lado da casa impactou no cotidiano deles,
Ceiça destaca: “A cisterna é para nossa família um bem precioso, porque no
período que não tem água por aqui, é ela que nos salva pra tudo, sem uma
cisterna em casa, sofreríamos muito no verão, então pode se dizer que ela é
nossa companhia de água”, afirma. A família dela possui uma cisterna de 16 mil
litros, que visa atender a uma necessidade básica da população que vive no
campo: água de beber.
Para o coordenador do FPCSA, João Evangelista, as tecnologias
sociais, especialmente as cisternas de placas, implementadas por movimentos da
sociedade civil organizada, hoje representa uma mudança na vida das famílias do
Semiárido. “A conquista do direito à agua de qualidade e à alimentação saudável
se tornou realidade, mas ainda há muitas famílias do Semiárido piauiense que
precisam das cisternas, e o projeto das entidades que compõem o Fórum Piauiense
de Convivência com o Semiárido [FPCASA] é continuar lutando por novos editais
do Governo que garantam essas tecnologias como políticas públicas permanentes
de consolidação na qualidade de vida dos pequenos agricultores”.
A água das cisternas além de servir para saciar a sede das
pessoas, ela também serve para matar a sede dos animais e das plantas, além de
garantir a segurança alimentar e nutricional das famílias, porque a água da
chuva armazenada serve igualmente para produzir alimentos e sementes. A
agricultora Carmina, da comunidade Angical em São João da Varjota comemora a
possibilidade de agora produzir no quintal de casa alface, tomate, cebolinha,
batata, abacaxi, hortaliças tudo com a agua da cisterna, “desde quando a gente
conseguiu a cisterna, a gente planta e é bom porque evita o gasto com a compra
desses produtos para o consumo, a gente sabe que tá cultivando e que é
sadio”, explica.
Também em São João da Varjota, no assentamento Pinga Café de
Rosa, a Maria afirma que antes da cisterna, sua família não tinha como guardar
água, nem para beber e muito menos para plantar. “Agora, as caixas já estão
cheias, eu posso fazer minhas hortas, cuidar das cabras, ovelhas e porcos,
antes eu tinha a luta de buscar lá distante e essa luta acabou. As coisas
melhoraram 100%, graças a Deus, dá pra se manter com a agua da chuva durante
todo o ano”, conta a agricultora.
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