Uma delegação com 21 piauienses se juntará a centenas de outros agricultores e agricultoras familiares dos demais oito estados do Nordeste.
A rica cultura de saberes e sabores de
povos da região semiárida será pauta do IV Encontro Nacional de
Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido, que tem como
tema: “Guardiões da biodiversidade cultivando vidas e resistência no
Semiárido”. Uma delegação com 21 piauienses se reune á centenas de agricultores
e agricultoras familiares dos demais oito estados do Nordeste e também de Minas
Gerais, de territórios incluídos na região semiárida. O evento inicia hoje (06)
e segue até o dia 09 de junho na sede do BANESE em Aracajú (SE).
O Encontro é promovido pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) uma rede formada por mais de três mil organizações envolvidas com as temáticas da agricultura familiar de base agroecológica e convivência com o Semiárido. O encontro tem como objetivos promover o intercâmbio de agricultores e agricultoras na produção e disseminação de conhecimentos e experiências para a convivência com o Semiárido e fortalecer e valorizar o papel das famílias agricultoras e de suas comunidades enquanto guardiãs de sementes crioulas, assim como das estratégias de gestão coletiva de sementes por meio das casas e bancos de sementes comunitários.
A jovem Maria Luana Silva do
Nascimento, da comunidade Celeiro de Deus, em Piracuruca, participa pela
primeira vez do Encontro Nacional de Agricultores e Agricultoras
Experimentadores (as), na bagagem ela afirma que leva muitas expectativas de
poder compartilhar experiências com pessoas de vários lugares do semiárido
brasileiro. “Um evento como esse é único, rico, e cheio de oportunidade de
conhecimentos. Posso levar a experiência da minha comunidade e saber como
outras famílias vivem, trabalham e enfrentam as mesmas situações que a gente”,
observa.
Da comunidade quilombola Vilão, do
município de Massapê do Piauí (PI), o agricultor e apicultor Ailton José da
Costa, vai levar a experiência adquirida com os agroecossistemas de sua
propriedade. “Trabalho sem usar veneno. Planto abóbora, melancia, cheiro verde,
tomate, feijão, milho. Crio também a abelha italiana e faço parte da Associação
de Apicultores da Boa Vista. Quero adquirir novos conhecimentos neste encontro
e levar minha identificação com a minha região”.
A programação do encontro contará com a
feira de saberes e sabores “Agricultoras e agricultores experimentadores
cultivando conhecimentos para a convivência com o Semiárido”; visitas de
intercâmbio as regiões do Alto Sertão, Sertão Ocidental e do Médio Sertão,
plenárias, oficinas temáticas, atividades culturais, feira de troca de sementes
do Semiárido.
O coordenador da ASA pelo estado de
Sergipe, João Alexandre de Freitas Neto destaca que o encontro é também um
espaço para falar de quais ameaças os povos do Semiárido correm, a partir dos
retrocessos embasados nos processos históricos das conquistas alcançadas. “Um
encontro da magnitude do Encontro Nacional de Agricultores/as Experimentadores/as
é um espaço de compartilhamento de experiências e para nós de Sergipe é uma
satisfação muito grande receber pessoas de todo semiárido brasileiro para
celebrar as conquistas históricas, para denunciar as mazelas e para
intercambiar as boas experiências que temos por aqui com as experiências que
vem dos estados”, avalia
O encontro faz homenagem ao processo de
luta e resistência do povo indígena Xokó, da comunidade Ilha de São Pedro, do
município de Porta da Folha (SE). Esse povo foi oprimido por capuchinhos e
jesuítas que queriam catequizá-los - o que levou a perda da identidade - e
também por fazendeiros que os perseguiam com jagunços e os obrigavam a arrendar
sua terras. Mesmo com todos os desafios a aldeia resistiu e lutou para conquistar
o título de posse da terra – reconquistaram o território em 1993.
“A identidade Xokó por si só representa
pra nós a luta e resistência e isso nos empolga bastante. Ter a participação
dos indígenas no nosso encontro será algo imensurável no que concerne a sua
representatividade. Teremos algo especial com a participação deles, inclusive
com um espaço para exposição e comercialização das suas peças de artesanato”,
explica Alexandre.
Visitas de intercâmbio – O segundo dia do
encontro, dia 7, contará com as visitas para troca de experiências entre
agricultores e agricultoras. Serão 24 visitas com participação das caravanas
que vieram dos demais estados do Semiárido (Rio Grande do Norte, Paraíba,
Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Maranhão e Minas Gerais). As visitas
aos povos do Semiárido sergipano abordarão temáticas como auto-organização de
mulheres, o manejo do bioma da Caatinga, acesso à água, entre outros. Enquanto
no terceiro dia, 8, ocorrerão as oficinas temáticas que debaterão temas como:
água, criação animal, apicultura, beneficiamento, sementes, comercialização,
etc.
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