segunda-feira, 6 de junho de 2016

Agricultores e agricultoras experimentadores/as do Piauí participam de encontro Nacional em Aracajú



Uma delegação com 21 piauienses se juntará a centenas de outros agricultores e agricultoras familiares dos demais oito estados do Nordeste.
A rica cultura de saberes e sabores de povos da região semiárida será pauta do IV Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido, que tem como tema: “Guardiões da biodiversidade cultivando vidas e resistência no Semiárido”. Uma delegação com 21 piauienses se reune á centenas de agricultores e agricultoras familiares dos demais oito estados do Nordeste e também de Minas Gerais, de territórios incluídos na região semiárida. O evento inicia hoje (06) e segue até o dia 09 de junho na sede do BANESE em Aracajú (SE).

O Encontro é promovido pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) uma rede formada por mais de três mil organizações envolvidas com as temáticas da agricultura familiar de base agroecológica e convivência com o Semiárido. O encontro tem como objetivos promover o intercâmbio de agricultores e agricultoras na produção e disseminação de conhecimentos e experiências para a convivência com o Semiárido e fortalecer e valorizar o papel das famílias agricultoras e de suas comunidades enquanto guardiãs de sementes crioulas, assim como das estratégias de gestão coletiva de sementes por meio das casas e bancos de sementes comunitários.
 A jovem Maria Luana Silva do Nascimento, da comunidade Celeiro de Deus, em Piracuruca, participa pela primeira vez do Encontro Nacional de Agricultores e Agricultoras Experimentadores (as), na bagagem ela afirma que leva muitas expectativas de poder compartilhar experiências com pessoas de vários lugares do semiárido brasileiro. “Um evento como esse é único, rico, e cheio de oportunidade de conhecimentos. Posso levar a experiência da minha comunidade e saber como outras famílias vivem, trabalham e enfrentam as mesmas situações que a gente”, observa.  
Da comunidade quilombola Vilão, do município de Massapê do Piauí (PI), o agricultor e apicultor Ailton José da Costa, vai levar a experiência adquirida com os agroecossistemas de sua propriedade. “Trabalho sem usar veneno. Planto abóbora, melancia, cheiro verde, tomate, feijão, milho. Crio também a abelha italiana e faço parte da Associação de Apicultores da Boa Vista. Quero adquirir novos conhecimentos neste encontro e levar minha identificação com a minha região”.




A programação do encontro contará com a feira de saberes e sabores “Agricultoras e agricultores experimentadores cultivando conhecimentos para a convivência com o Semiárido”; visitas de intercâmbio as regiões do Alto Sertão, Sertão Ocidental e do Médio Sertão, plenárias, oficinas temáticas, atividades culturais, feira de troca de sementes do Semiárido.

O coordenador da ASA pelo estado de Sergipe, João Alexandre de Freitas Neto destaca que o encontro é também um espaço para falar de quais ameaças os povos do Semiárido correm, a partir dos retrocessos embasados nos processos históricos das conquistas alcançadas. “Um encontro da magnitude do Encontro Nacional de Agricultores/as Experimentadores/as é um espaço de compartilhamento de experiências e para nós de Sergipe é uma satisfação muito grande receber pessoas de todo semiárido brasileiro para celebrar as conquistas históricas, para denunciar as mazelas e para intercambiar as boas experiências que temos por aqui com as experiências que vem dos estados”, avalia

O encontro faz homenagem ao processo de luta e resistência do povo indígena Xokó, da comunidade Ilha de São Pedro, do município de Porta da Folha (SE). Esse povo foi oprimido por capuchinhos e jesuítas que queriam catequizá-los - o que levou a perda da identidade - e também por fazendeiros que os perseguiam com jagunços e os obrigavam a arrendar sua terras. Mesmo com todos os desafios a aldeia resistiu e lutou para conquistar o título de posse da terra – reconquistaram o território em 1993.
“A identidade Xokó por si só representa pra nós a luta e resistência e isso nos empolga bastante. Ter a participação dos indígenas no nosso encontro será algo imensurável no que concerne a sua representatividade. Teremos algo especial com a participação deles, inclusive com um espaço para exposição e comercialização das suas peças de artesanato”, explica Alexandre.


Visitas de intercâmbio – O segundo dia do encontro, dia 7, contará com as visitas para troca de experiências entre agricultores e agricultoras. Serão 24 visitas com participação das caravanas que vieram dos demais estados do Semiárido (Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Maranhão e Minas Gerais). As visitas aos povos do Semiárido sergipano abordarão temáticas como auto-organização de mulheres, o manejo do bioma da Caatinga, acesso à água, entre outros. Enquanto no terceiro dia, 8, ocorrerão as oficinas temáticas que debaterão temas como: água, criação animal, apicultura, beneficiamento, sementes, comercialização, etc.


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